quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

The Skints



Se tem uma coisa que eu curto muito em algumas bandas inglesas de rock são as influências jamaicanas. The Clash é um exemplo clássico. Outra banda que tem essa pegada é The Skints (London, UK). Eles conseguem transmitir com muita propriedade a fusão dos mais diversos ritmos jamaicanos (reggae, early reggae, ska, dub, rockestady), deixando evidente que ninguém precisa enfiar uma boina de lã na cabeça e gritar a plenos pulmões “Jah Rastafari” para gostar de reggae ou se expressar através desse tipo de música.

Tudo o que o The Skints faz é simplesmente mostrar que os mesmos ritmos que fizeram a cabeça de muitas gerações mundo afora, podem ser a saída para quem procura diversão dentro do espectro mórbido, engessado e brochante que vive a atual cena pop musical dos últimos anos.

The Skints exala um frescor sonoro contagiante! Grooves e graves, balanço, letras inteligentes e despretensiosas, um som que resgata a cena mais divertida da música jamaicana, revisitado com nuances de hip hop e ragga, estilos contemporâneos, mas que já dominam há algum tempo os sound systems da ilha caribenha.

Fui apresentado aos The Skints através do meu amigo músico e produtor Celso Rocha (Cito) que está morando na Inglaterra e que teve o prazer de conhecer a banda pessoalmente - entre uma “gig” e outra. Seu comentário: “os caras estão lotando todos os lugares por onde tocam aqui”.

Não duvido! Ao ouvir o primeiro álbum da banda, “Part & Parcel”(2012), fica evidente tamanha magnitude. De cara você é pego pela cadência precisa da banda: uma mistura de delays, ecos, timbres de Fender Stratocaster, metais...hora uma voz feminina envolvente, hora uma voz masculina, também marcante...tudo pautado pela escola jamaicana e mais: talento e personalidade – itens fundamentais que fazem falta para muitas bandas atualmente.

Resumindo:The Skints é FODA! Som de rua. Ska/Dub/Reggae/Ragga/Punk. Rótulos que nada mais são do que signos para artistas quem empunharam um instrumento musical diante de um mundo caótico e fizeram história. Influenciados pela música do terceiro mundo, o Skints pega carona na verve afiada de cena punk de Londres e lotam pubs enfumaçados pulsando um grave tão pesado quanto os dreadlocks daqueles que os influenciaram.


 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A 'maioridade musical' de Ben Harper

Em São Paulo, músico toca por mais de duas horas, explorando suas grandes influências e ainda brinda o público, que lotou o Via Funchal, com seus maiores sucessos

Quando uma pessoa chega aos dezoito anos dizemos que ela atingiu a sua maioridade, se tornou um adulto. Fazendo uma analogia com os anos oficiais de carreira do músico californiano Ben Harper, ouso afirmar o mesmo: Ben Harper atingiu a sua "maioridade musical".

Para entender essa comparação, talvez você tenha que ouvir sua vasta obra, iniciada oficialmente em 1994 com o disco ' Welcome The Cruel World', passando por mais dez discos de estúdio, três ao vivo, até o seu mais recente trabalho, 'Give Till It's Gone' (2011) - ou pelo menos ter visto o penúltimo show da sua turnê brasileira, realizado no dia 9 de dezembro, no Via Funchal, em São Paulo.

Naquela noite, o público que lotou a casa esperando ouvir logo de cara seus grandes sucessos, foi surpreendido com uma avalanche de rock'n roll, na primeira parte de sua apresentação. Acompanhado pela banda Relentless 7, um power trio de extrema competência, Ben Harper deixou claro que, ao chegar próximo dos 18 anos de carreira oficial, não precisa provar nada para ninguém e suas raízes musicais poderiam muito bem consagrá-lo como um verdadeiro bluesman do século XXI.

Músicas como 'Better Way', `Shimer in Shine' e 'Glory & Consequence', trouxeram à tona algumas de suas maiores influências: Robert Johnson, Blues Traveler e Taj Mahal. Até mesmo um cover inusitado de 'Jeremy', do Pearl Jam, deram um pontapé na porta dos desavisados. Muito à vontade, o músico cantou à capela, demonstrando sua potência vocal e sua influência gospel e interagiu várias vezes com a platéia, chegando até a arriscar em português: ¨Vocês são muito mais do que eu mereço¨.

Já na segunda entrada, “With My Own Two Hands” e "Another Lonely Day", executadas só no violão e voz, poderiam muito bem colocá-lo ao lado de outra grande influência sua: Bob Marley. Para aqueles que conhecem mais de perto sua obra, tal comparação - dada as devidas proporções - não é nada surpreendente.

Ben Harper realmente demonstrou toda sua versatilidade e uma maturidade musical e artística sem ressalvas. Carismático, o artista ganhou muitos aplausos ao vestir a camisa 8 do eterno corintiano Dr. Sócrates para cantar com a brasileira Vanessa da Mata a tão aguardada 'Good Luck', última canção do show.

Foi assim, com uma mensagem positiva, em alto e bom som, que Ben Harper fechou sua passagem por São Paulo. Agradou seus verdadeiros fãs, demonstrando todo seu talento como compositor, cantor e guitarrista de steel lap, e ainda brindou seus seguidores de hits com os sucessos que esperavam ouvir.

Boa sorte para você também Ben Harper e que, em breve, possamos ouvir seus novos brados

Foto: Stephan Solon/Via Funchal

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ben Harper de volta ao Brasil

Ben Harper chega ao Brasil para sua maior turnê no país e concede entrevista coletiva em São Paulo


De volta ao Brasil para sua maior turnê no país - passando por cinco capitais – o cantor e compositor californiano, Ben Harper, concedeu na manhã de sexta-feira, 2 de dezembro, uma entrevista coletiva no Renaissance Hotel, em São Paulo.

Com aproximadamente 90 minutos de atraso, Ben chegou de maneira discreta e foi muito atencioso, respondendo à todas as questões feitas pelo grande número de jornalistas que participaram do encontro.

Ben Harper já é bem conhecido no país e a parceria com a cantora Vanessa da Mata, na canção "Good Luck", ainda rende assunto por aqui. Foi sobre esta parceria com a cantora brasileira, que Ben iniciou a rodada de perguntas. “Gostaria de gravar um disco inteiro com ela”, brincou, “essa canção é incrível, por todos os países onde excursionei eu a ouvia nas rádios, fiquei muito feliz com esse trabalho”.

Sobre uma nova parceria brasileira, Ben admitiu o interesse em conhecer mais de perto Marisa Monte, “acho muito interessante a maneira ‘underground’ como ela trabalha”.

E de parcerias Ben parece ser mesmo um cara de sorte. Em seu recém-lançado álbum, Give Till it`s Gone, ele contou a participação do ex-Beatle Ringo Star em duas faixas. “Beatles é uma das minhas grandes influências e a participação de Ringo foi uma benção”, frisou.

O músico também revelou que, assim como foi um dos ‘padrinhos musicais’ de Jack Johnson – outro artista de grande apelo no Brasil - agora está produzindo uma cantora australiana chamada, Grace Woodroofe. “Ela é incrível. Estou produzindo seu disco, e tenho certeza que ela terá uma carreira brilhante”.

Para os shows no Brasil, o californiano vem acompanhado de Jason Mozersky (guitarra), Jesse Ingalls (baixo) e Jordan Richardson (bateria), prometendo um set list de sucessos e novas canções, além de alguns covers de artistas que admira como Marvin Gaye, Neil Young e Queen. “Estou muito feliz de voltar ao Brasil e com certeza daremos à vocês o nosso melhor”, finalizou.

Mais informações poderão ser encontradas no site oficial da turnê www.benharperbrasil.com

Abaixo, "Rock N' Roll is Free", do novo disco, e uma apresentação da australiana Grace Woodroofe:


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Big Bang traz um pouco da essência do rock para o Brasil

Em passagem pelo País banda da Noruega, vencedora de quatro Grammys, vai na contramão do mainstream



Enquanto leio uma notícia relacionada ao Festival Lollapalooza que virá para o Brasil no ano que vem, relatando os desentendimentos entre sua organização e um músico brasileiro (que, na minha opinião, só reforçam o caráter mercadológico cada vez mais evidente nos grandes festivais), a lembrança do show que presenciei na noite de ontem no Studio SP, aqui em São Paulo, me conforta pelo fato de ter visto uma apresentação honesta. Uma verdadeira aula de “rockband”: toque para um, ou um milhão, mas toque com coração.

Os responsáveis levam o nome de BigBang. E não pense você que se trata de alguns novatos ou aspirantes ao sucesso. Este power trio formado pelos noruegueses, Oystein Greni, vocalista e guitarrista, Olaf Olsen na bateria e Hængsle Nicholas Eilertsen no baixo, já tocou em alguns dos mais importantes festivais da Europa, abriu shows de ninguém menos que Eric Clapton, em Estocolmo, venceu quatro Grammys, além de haver recebido ótimas críticas da imprensa especializada americana ao seu respeito.

Formado em 1992, com nove álbuns, quatro Eps e um DVD ao vivo em sua discografia, e com o lançamento do recente LP “Epic Scrap Metal, a BigBang deixou claro que algumas canções como, “Girl In Oslo” e “Cigarette”, entre outras, já conquistaram alguns fãs por aqui. A energia e o carisma com que o líder da banda, Oystein Greni, conduziu o show de ontem, com mais de uma hora, fez parecer que atrás de mim havia uma multidão e não mais que 100 pessoas. Mesmo com a casa relativamente vazia, a banda não se desmotivou e numa performance contagiante, deixou claro porque é considerada uma das bandas mais expressivas do seu país.

O som, que remete ao rock setentista de Zeppelin e Grand Funk, calcado no Blues e no FolkRock, vem atravessando os anos que os separaram destas influências com a mesma clarividência e honestidade com que olham para as luzes ofuscantes do mainstream viciado que cerca os grandes festivais, como estes que aportam aqui no Brasil. Conversando com o baterista Olaf Olsen, antes de subir ao palco, ele me dizia que estava muito feliz em conhecer o Brasil e perceber que aqui há espaço para todo tipo de música, e que mesmo diante de um público menor, uma banda deve tocar com o coração.

E realmente eles fizeram isso. Agora, depois de ler todos esses absurdos noticiados pela imprensa sobre o Lollapalooza, gostaria de dizer à Olsen: “Cara, assistiria vocês em um festival aqui no Brasil, fosse às dez da manhã ou às onze da noite.You rock man!”

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Vida longa aos Chili Peppers



Ainda reverbera em meus ouvidos os acordes frenéticos do baixo de Flea, enquanto escrevo este texto nessa manhã de quinta-feira ouvindo R.E.M. Sim, um pouco saudosista, me pego pensando: porque algumas bandas tão boas acabam?

O rock alternativo do R.E.M começou na Geórgia na mesma época (anos 80) em que os californianos Anthony Kiedis e Michael "Flea" Balzary se conheciam para criarem, três anos depois, o Red Hot Chili Peppers. Com certeza o R.E.M deixará uma lacuna insubstituível no lineup de vários festivais pelo mundo e seu legado para o rock é incontestável e seus discos estão aí e nos confortam, como na manhã de hoje. Já os Chilli Peppers...


Bom, esses pais de família com joelhos de adolescentes provaram na noite fria desta quarta-feira, 21 de setembro, na Arena Anhembi de São Paulo, que existem bons motivos para continuarem em cima de um palco, tocando e pulando muito. Após um hiato de nove anos sem apresentações no Brasil, e cinco sem gravações inéditas, os caras desembarcaram no País trazendo em seu set list canções do seu novo álbum “I'm With You” (2011) e algumas pérolas de sua carreira de mais de 25 anos.

A performance da banda é mesmo digna de se contestar a idade de cada um, a não ser a do novato Josh Klinghoffer, 31, que provou que tem talento para assumir as guitarras dos Peppers, mesmo sofrendo com algumas falhas técnicas durante o show de ontem.

A força das novas canções deixou evidente que seus fãs também acreditam no talento de Josh e na qualidade musical que Chad, Flea e Anthony Kiedis ainda têm a oferecer. Logo na primeira música, "Monarchy of Roses", a platéia cantou junto do começo ao fim. A partir daí eles mesclaram músicas novas e clássicos dos seus principais álbuns e até algumas improváveis, como a sarcástica "Pea", executada por Flea, só no baixo e vocal. Seguindo com "Californication" e "By the Way", o show teve momentos memoráveis como, "Me & My Friends", antecedida de algumas palavras de Flea sobre a história e o início da banda - já que esta canção fala de seus amigos, especialmente de Hillel Slovak, primeiro guitarrista da banda e com quem Flea começou a tocar ainda garoto, e que morreu de overdose de heroína em 1988.

"Dance Dance Dance" deu início ao bis, precedida de uma introdução percussiva do baterista Chad Smith e do percussionista brasileiro Mauro Refosco, que vem acompanhando a banda nessa nova turnê e provando que o groove brasileiro vai bem com a batida forte e funkeda de Chad.

Chegando próximo de uma hora e quarenta minutos de show, a música que consagrou a banda e o seu estilo fechou a noite. "Give It Away" colocou todo mundo para pular e deixou a esperança de que algumas bandas, realmente boas e honestas, nunca deveriam acabar.

Matar a saudade de uma banda que você curte, ouvindo um disco enquanto você trabalha, pode até ser reconfortante, mas, passar a noite vendo e ouvindo - em alto e bom som - uma banda que faz parte da sua história e da história do rock mundial, é algo que a música deveria dar e cobrar de seus maiores ícones: longevidade.

Foto: por Marcos Hermes

Matéria publicada originalmente no site Drop Music.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

James Hunter


Descobri James Hunter no dia em que fui ao cinema assistir “De Vrais Mensonges” (Uma Doce Mentira), uma comédia francesa muito boa: humor inteligente, sagaz e divertido - a protagonista é Audrey Tautou, que ficou muito conhecida no filme “Amélie Poulain”.

Jamens Hunter está na trilha sonora de “De Vrais Mensonges” com a música “People Gonna Talk”. Uma pérola! Uma balada com pegada jamaicana, das melhores que já ouvi. Ele é britânico, nasceu em 1962 e suas influências vêm do Soul e R&B. Começou sua carreira musical na década de 1980 sob o nome de Wilf Howlin. Partcipou de alguns projetos de Van Morrison em 1994 e logo em seguida saiu em carreira solo - Morrison particpa em uma faixa de seu álbum "Believe What I Say".

Hunter também é um grande guitarrista e compositor e suas gravações apenas com guitarra e voz são sublimes. Seu álbum “People Gonna Talk” (2006) foi indicado ao Grammy.

Sem dúvida uma das grandes vozes britânicas na ativa.

Confira:

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Kings of Convenience


O duo norueguês de indie folk faz um som tranqüilo, bem bacana. Da pra sentir um pouco da atmosfera representada em seus vídeos: a Europa, a estrada, as amizades...

Erlend e Eirik nasceram em 1975 . Aos dezesseis, com outros dois amigos fundaram a banda Skog, lançando um LP, antes de se separarem e formarem o duo.

E 2001, eles lançaram o álbum Quiet Is The new Loud. O disco foi bem recebido e teve muito sucesso na Europa. Seu trabalho mais recente se chama Declaration of Dependence.

Nada surpreendente, mas Erlend Oye e Eirik Bo conseguem construir lindas melodias.
Confira: